Como a CCXP chegou para mudar o mercado geek no Brasil


As famosas "Con's" espalhadas pelo mundo inteiro continuam a fazer sucesso depois de tantos anos, mas qual é a fórmula para isso dar certo?

Reunir fãs de quadrinhos, séries, filmes e animações e tudo mais que estiver relacionado à cultura geek (ou nerd se preferir) é uma atividade que já acontece a muito anos. Nos anos 70, eram comuns nos Estados Unidos as feiras de compra, venda e troca de revistas e quadrinhos, talvez tenha sido esse o primeiro momento em que as feiras de quadrinhos começaram a surgir.

Com o passar dos anos, ficou evidente que o mercado norte americano aprendeu e continua a aprender a como melhorar seus eventos a cada nova edição e esse modelo de evento se tornou tão popular que diversos países passaram a adotar e criar suas próprias convenções. No Brasil não foi diferente.

Estande da Iron Studios na CCXP 2015 com o Hulk e a Hulk Buster - Foto: Mega Hero

Antes de chegar aos dias atuais, precisamos voltar um pouco no tempo e descobrir como começaram as primeiras manifestações do gênero aqui no Brasil. A difícil busca por informações sobre essas convenções me levaram a descobrir que de fato os primeiros grandes eventos que atraiam o público nerd se baseavam em produções asiáticas, sobretudo do Japão. Talvez por forte influência de produções japonesas nos anos 80 e 90, eventos como MangáCon (1996) o AnimeCon (1999) e Anime Friends (2003) foram pioneiros no Brasil, alguns ganhando força para se tornarem referências no ramo.

Numa época onde o acesso a informação era muito limitado, os eventos nesses moldes se sustentavam com salas de exibição, palestras, trocas e vendas de DVD, presença dos Cosplayers e shows com artistas internacionais nipônicos. Uma fórmula que durou (e ainda dura) por muitos anos, até a chegada da CCXP em 2014.

A Comic Con Experience, fruto da parceria do site Omelete com a Piziitoys e a Chiaroscuro Studios foi uma tentativa bem sucedida de sair da zona de conforto e trazer uma experiência completamente diferente (como já apresenta o título do evento). Com duas edições realizadas, uma em 2014 e outra em 2015, a CCXP já é considerada o maior evento nerd do país e foi comparado com outras gigantes, a San Diego Comic Con e a New York Comic Con, mas porque deu tão certo?

A CCXP fez algo que os outros eventos não quiseram fazer, talvez por timidez? Expandir a manifestação da cultura nerd / geek, sair de um nicho e alcançar um lugar de destaque, onde todos possam conhecer e consumir aquele produto. É mais ou menos o que o cinema tem feito com os longas de super heróis, ficção científica e fantasia. Um produto para todos. Renan Pizii, um dos organizadores do evento destaca que a vinda de eventos desse porte para o Brasil profissionaliza o setor e o público passa a buscar outros produtos, e eu adiciono, passam a buscar também uma convenção com outra qualidade.

Painel de imprensa na CCXP 2015 - Foto: Mega Hero

Na onda, outras grandes empresas despertaram interesse pelo mercado geek. A Riachuelo e outras lojas de departamento, surfaram no momento com centenas de produtos licenciados, a Livraria Cultura criou uma ramificação chamada Geek.Etc.Br e a tradicional Editora Aleph destaca que 90% do seu faturamento vem graças a esses produtos. Muita gente acordou e descobriu que essa é uma área que deve ser explorada e não segmentada.

Essa reviravolta no mercado já começa a surtir efeitos e ecoa pelo Brasil. Eventos com vários anos de estrada tentam se reinventar e caminhar de mãos dadas com o novo público consumidor, mas infelizmente ainda existem aqueles que acham que essa mudança é passageira e não devem mudar seus projetos nos próximos anos. Como produtor de eventos (de pequeno porte, que fique bem claro) e também frequentador, percebo que o nosso país tem um grande potencial para abraçar as Con's e que nosso mercado ainda não foi cem por cento explorado, ainda tem muito espaço para que outros produtores avancem e peguem uma fatia dessa grande "Pizza Nerd". Mas eles precisam correr, porque em 2017 a CCXP irá lançar sua primeira edição em Recife e tenho certeza que já estão sondando outros lugares.



Material de Apoio: Revista Exame e Revista Você S/A

1 comentários

My Instagram