Ultimamente tenho revisitado textos clássicos de Cyberpunk. Alguns contos de Philip K. Dick, outros tantos de William Gibison, textos de Bruce Sterling, etc. Em contato com a escrita criativa desses autores, surge o impulso de escrever algo sobre essa temática, o problema é alcançar certa originalidade, no entanto tal tarefa não foi um problema para Yukito Kishiro.
Lançado em 1990 no Japão como Gunnm, nos Estados Unidos como Battle Angel Alita e no Brasil em 2003, pela JBC, como Gunnm - Hyper Future Vision. Outras versões foram publicadas anteriormente no Brasil, mas sem o devido licenciamento. No final de 2017 a JBC relançou o mangá como Battle Angel Alita: Gunnm Hyper Future Vision em 4 volumes, reunindo as 9 histórias originais.
Foto: Reprodução internet |
O primeiro volume contém duas histórias importantes para estabelecer os personagens principais e o universo onde a trama se desenvolve. Em um passeio pelo lixão da Cidade da Sucata, o engenheiro cibernético Daisuke Ido encontra os restos de um corpo cibernético feminino, parte do tronco e cabeça. Ao reativá-la percebe que a cyborg está sem memória, imediatamente ele à batiza de Alita.
Acompanhamos a jornada de Alita em um futuro distópico de uma sociedade dividida entre Zalem: uma cidade flutuante onde aparentemente tudo é perfeito, e a Cidade da Sucata: lugar que serve de fabricação de todos suprimentos para as necessidade de Zalem e depósito de tudo que é indesejado. Nesse cenário Ido e Alita desenvolvem uma forte relação. Ido reconstruindo o corpo cibernético de sua nova amiga e preocupado com seu desenvolvimento.
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Alita está em busca de encontrar seu lugar naquele mundo, tentando reconstruir sua vida com a apoio dos seus novos amigos, tentando forjar a identidade de uma humana em um corpo artificial. Experienciando conflitos morais e relações humanas complexas. Mesmo com mais de 200 anos de idade, sua percepção do mundo ainda é praticamente de uma adolescente. Nesse sentido, o autor nos coloca para viver uma contradição latente, porém com a devida dose de aceitação das regras daquele mundo.
Criando uma narrativa ágil e divertida, nós somos conduzidos a vivenciar na jornada de Alita nossas próprias contradições. As mudanças sofridas em seu corpo também são as mudanças que adolescentes do nosso tempo sofrem. Mudanças bruscas que são difíceis de serem elaboradas. Momentos de aceitação com o corpo em plena transformação.
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Além disso, todas as incertezas que fazem parte desse momento específico do desenvolvimento da personagem nos fazem pensar sobre o caminho da descoberta de nossas fraquezas e potências. Em certo momento presenciamos a mudança importante de nossa protagonista em um ser forte e eficiente, superando os obstáculos que estão em seu caminho, conduzindo um processo de mudança no mundo, mostrando como se luta como uma garota.
Fiquei surpreso com a habilidade de Kishiro em criar uma história envolvente com personagens interessantes se utilizando de diversos símbolos e temas recorrentes no “gênero”. Talvez seja nessa habilidade de remixar os elementos com outras abordagens que repouse a sagacidade do autor.
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Atualmente estão desenvolvendo um longa metragem baseado na obra de Kishiro, produzido por James Cameron e dirigido por Robert Rodriguez, dois nomes de peso que contam com uma produção de alto orçamento. A estreia está marcada para o início do primeiro semestre de 2019, a data até o momento é 14 de fevereiro, porém pode haver alteração.
Ao ver o trailer fiquei empolgado para conferir o resultado final nos cinemas, o jeito como fizeram a Alita e alguns personagens chave desse universo me surpreendeu, principalmente as animações e efeitos. Espero que as atuações sejam entregues no mesmo nível.
Ficha Técnica:
Título: Battle Angel Alita: Gunnm Hyper Future Vision
Editora: JBC
Autor: Yukito Kishiro
Número de páginas:447
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