Cosplay #8 | E quem não é Cosplayer, pensa o que?

Aqui na coluna cosplay nós temos espaços para todos, por isso eu decidi falar um pouco e ouvir a opinião de quem não faz cosplay!

Todos nós temos aquele amigo que não entende as fotos de peruca que postamos na internet, ou o porquê de se gastar tanto dinheiro em uma “fantasia”, ou pior, solta aquela pergunta clássica: O que é cosplay?

Muitas vezes, dependendo da pessoa, não temos nem paciência para explicar ou então falamos sobre cosplay com bastante entusiasmo, podendo até assustar quem estiver ouvindo. Conseguir conciliar a nossa animação com a falta de vontade de explicar, seja por vergonha, ou achar que o outro não vai se importar; é interessante. Nós que somos consumidores da cultura pop japonesa, devemos difundir essa cultura para que mais pessoas possam conhecer e respeitar, gostando ou não.

É importante que tenhamos noção do que acontece fora desse universo colorido do mundo cosplay, pois eu acredito que todos estejam percebendo essa onda de “otakus” odiando e julgando quem não tem os mesmos gostos que os deles. Seria bom que fosse levado em consideração que muitas vezes as pessoas que estão sendo odiadas, desconhecem este mundo em que nós vivemos. Acredite, não é impossível.

Cosplayers na Liberdade!

Aqui no Brasil, apesar do carnaval, andar fantasiado por ai não é lá muito normal. Eu percebo aqui em Salvador que há certa resistência dos cosplayers irem já produzidos para os eventos. Claro que existem vários fatores que fazem com que isso aconteça, como por exemplo, o calor, acessórios que não cabem em transportes públicos, a vergonha e a falta de conhecimento das pessoas, por não entenderem. Este último é bem complicado, pois pode envolver brincadeiras de mau gosto, brigas e outras coisas chatas, que podem acontecer por falta de respeito e desconhecimento dessa cultura.

Cosplayers na Liberdade comemorando o dia do Cosplay em SP

Já em São Paulo essa percepção é bem menor. Por ser uma cidade grande, poucas pessoas realmente se importam com o que você faz ou deixa de fazer. E assim quando acontecem os eventos por lá, o metrô é tomado por personagens das mais diversas histórias, reunindo-se para chegar ao evento. E isso também se deve a cultura, que é mais difundida, as pessoas já sabem que eventos acontecerão e por isso pessoas fantasiadas pela cidade não é uma grande novidade, o que se diga na Liberdade.

Miku em frente de uma loja em Akihabara

Agora no Japão esse relacionamento entre cosplayers e a sociedade, acontece de uma maneira totalmente diferente do daqui. Lá os japoneses que são cosplayers podem andar a vontade pelas ruas, pois o Japão possui uma infinidade de tribos que andam pelas ruas, praticamente esfregando seus estilos na cara de quem quiser parar para ver. Inclusive eles têm bairros próprios onde podem sair se encontrarem e consumir tudo sobre cosplay. Akihabara é um dos bairros em que se pode ver cosplayers andando pelas ruas, e também podem ser encontrados na famosa Harajuko nos finais de semana. Estão acostumados a serem fotografados e gostam muito dessa atenção, vários cosplayers fazem fila, para que os camekos, que são fotógrafos amadores apaixonados por fotografia cosplay, possam retratá-los! Não que todo mundo ache normal e concorde com cosplayers para todo lado, mas o cosplay faz parte da cultura deles e, por isso, é respeitado

Cosplayer fotografada nas ruas de Harajuku

Voltando para o Brasil, e não falando cosplays só por um momento, é fato que aqui nós precisamos vencer muitos preconceitos e a ignorância da população em diversos aspectos para que novas ideias sejam incorporadas à nossa cultura fazendo com que possamos sempre crescer.

Eu falei bastante sobre as pessoas que desconhecem a cultura cosplay e que ficam surpresas ao ver ou a tomar conhecimento desse mundo, mas existem as pessoas que conhecem sim essa tendência. Gosto é gosto, por isso vamos encontrar pessoas que conhecem, tem amigos cosplayers, gostam, mas não fazem cosplay por seus motivos. E, como sempre, vamos encontrar aquelas pessoas que acham a nossa diversão um absurdo e simplesmente não conseguem entender como alguém pode fazer algo desse tipo.

Pois bem o importante é sabermos respeitar a opinião dos outros e estarmos informados para que possamos argumentar a favor do nosso hobby para que essas pessoas também nos respeitem.

Entre os conhecedores, mas não cosplayers eu conversei com o Rud Passos e com o João Paulo para ver o que eles acham dessa tribo das perucas coloridas.

Vocês sabem o que é cosplay? Como conheceram?

JP: Provavelmente conheci pela TV, assistindo alguma matéria sobre algum evento de anime.

Rud: Sei, sim. Eu conheci o cosplay aos poucos. Acho que qualquer coisa que a gente conheça nunca é de uma vez. Vem aos poucos. Sempre há outros patamares à frente. O meu primeiro contato foi de perto. Num Anipólitan que ocorreu há uns 6 anos atrás. O negócio ainda era simples, mas foi o suficiente. Depois veio a internet, comunidades do Orkut com fotos cada vez mais bem elaboradas.

O que vocês pensam sobre cosplay como um hobby?

JP: Acho interessante, mas muito caro se você quiser fazer algo de qualidade, além de demandar muita dedicação, que eu particularmente não tenho. (risadas)

Rud: Assim como todo hobby, é um desafio. Da torre de cartaz à coleção de tampinhas de fanta, qualquer coisa que faz com que corramos atrás de algum resultado é edificante. Acho que o grande diferencial do cosplay é a diversão através da imersão, visto que quem se insere nesse âmbito cultural acaba adentrando em várias áreas, mesmo que a pessoa não seja adepta do "Do yourself" e não faça sua própria roupa. Agora... como todo hobby, tem gente que faz o negócio mal feito. É divertido de qualquer forma porque gera risadas!

Conhecem algum cosplayer?

JP: Tenho um amigo que uma vez fez cosplay de Mario, mesmo ele sendo magro e alto que nem o Luigi.

Rud: Conheço uma guria que falava muito desse universo, e não sei se ela já fez um cosplay, mas era doida por isso.

Achariam normal encontrar um cosplay completo desfilando na rua?

JP: Acho que cosplay tem lugares adequados pra se usar, como nos eventos. Na rua, acho que só os mais discretos que quem vê nem pensa que é cosplay.

Rud: Olha... veja bem, foge do padrão? Aliás, o que é o padrão? Foge do cotidiano? Então normal não é, mas não deixa de ser interessante. E mais ainda, o que diabos seria interessante E normal?

Sabem o que é “cospobre”? O acham disso?

JP: Sei e acho MAGNÍFICO, SOBERBO, FANTÁSTICO se for de propósito, ou sinto vergonha alheia se for acidental. (risadas)

Rud: Claro que sei! (risadas )O que eu acho? Às vezes faz meus olhos sangrarem, outras vezes é divertido. O cospobre é o cosplay que jogou o "bom senso" fora.

E se o cosplay fosse de algum personagem favorito seu, pararia para tirar foto?

JP: Se fosse extremamente bem feito, sim, se não, deixa pra lá.

Rud: Eu o mataria, pegaria a roupa e esconderia o corpo. Não. Sim, eu tiraria, por que não?

Já pensaram em fazer cosplay? Se sim, de que personagem?

JP: Lembro que já pensei em fazer, mas não me lembro de qual personagem. Faz muito tempo já.

Rud: Alucard de Castlevania. E eu e meu irmão gêmeo, na época que tínhamos cabelo grande, queríamos fazer cosplay de Kanon e Saga

Conhecem alguém que não suporte cosplay e que ache uma ideia absurda?

JP: Já ouvi alguém dizer que cosplay só presta se for muito bem feito ou se for uma gostosa seminua!

Rud: Eu estou na fina linha do amor e do ódio pelo cosplay, mas admito que conheço muita gente que fala mal. Eles tem alguns argumentos válidos. Tem muita gente irritante e sem noção nesse meio, gente que "não cresce", eternos Peter Pans. É aquela pessoa que não tem postura de assumir isso como um hobby e começa a ter isso como histeria. Uma histeria coletiva, diga-se de passagem.

O que vocês tem para dizer para as pessoas, cosplayer ou não, que julgam o cosplay por ser algo diferente?

JP: Acho que isso de julgar qualquer pessoa sem conhecer é errado (definição de preconceito, aliás), e se em algum momento tiver vontade de julgar, lembre-se dos problemas da vida que a vontade passa na hora.

Rud: Eu acho que julgamento faz parte. Se você está feliz com o que está fazendo, faça. Apenas faça. Ninguém agrada a todos. Se você é foda naquilo, podem te chamar de Suzy, não fará diferença nenhuma. Só acho que críticas também podem ser edificantes. A sabedoria de quem recebe é que é o crivo diferencial a catalisador do XP pra melhores empreitadas. Enfim... Stay cool and be happy, folks.

É isso ai gente!

Temos que valorizar essa cultura que gostamos tanto! Começando por respeitar a nós mesmos, cosplayers, sejam em competições, fotos publicadas online, comentários etc.. Respeitemos também a opinião alheia. A pessoa conhece, mas não gosta, não concorda, é uma escolha dela; se alguém não conhece, apresente-a a essa cultura, quem sabe ela não se interessa e se junta a nós.

Respeito só é ganho com respeito. Por isso vamos incentivar positivamente as pessoas a conhecerem essa nova tendência, que a cada ano que passa ganha mais espaço no mercado nacional e internacional!
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Let’s Cosplay!