Deadpool é um filme para não se levar a sério e por isso funciona tão bem



Sabe um personagem que começou errado e acabou fazendo sucesso por conta desse erro? Esse é o Deadpool. Criado como uma paródia do Exterminador, da DC Comics, o mercenário tagarela sempre foi visto como um personagem caricato demais e com poucas evoluções narrativas, o que foi suficiente para que aos poucos seguisse a um caminho que parecia leva-lo ao ostracismo editorial. Entretanto, a cada degrau que descia para este caminho sem volta, mais o anti-herói era vítima de experimentos que o levaram para um nonsense universo particular de paródias infinitas e enredos surreais demais para se levar a sério.

Alheio ao Univero Marvel e sua cronologia, Wade Wilson (não te lembra Slade Wilson? Pois é!) tinha tudo para cair no buraco dos personagens esquecidos, mas aos poucos se tornou um sucesso de vendas e mostrou que uma paródia tinha espaço suficiente para sobreviver por brincar com sua própria condição de desnecessário e descartável, o que casa perfeitamente com o filme Deadpool, (EUA, 2016) que chega aos cinemas nesta semana com a pretensão de ser tão ruim como sempre pretendeu.


Na história, temos o mercenário Wilson (Ryan Reynolds) descobrindo a sua condição de portador de um terrível cancêr que o obriga a largar o amor da sua vida, Vanessa (Morena Baccarin), para ser cobaia de um experimento que muda a sua vida para sempre. Deformado e com um estranho fator de cura que o livra de quase todo tipo de dano, Deadpool procura vingança e tenta retornar para a sua amada, mas sem magoa-la. Essa é a história, sem mais delongas e resumida para um bom entendedor que teme spoilers ou precisa de uma sinopse para se situar sobre a escolha do filme

Porém, por trás dessa história temos outra narrativa, mas determinada a parodiar toda e qualquer coisa que inspire o filme ou o leve para as diversas piadas com o mundo do entretenimento. Temos aí um show de gags que vão desde clássicos adolescentes dos anos 80, qualquer franquia super-heróica atual e até o próprio universo mutante que existe nas películas da Fox. Mas o mais interessante nisso tudo é quebra da lei da realidade e a conversa com o telespectador, que assim como acontece nos quadrinhos também transcende qualquer grau de plausabilidade e narrativa espaço-tempo naquela mídia. Tudo bem que em muitos momentos se sente que ela poderia ser muito mais louca e transgressora como nos quadrinhos, mas mesmo comedida a uma fórmula de narrativa engessada ainda nos dá boas piadas e algumas sacadas geniais para as telonas.


Nos papeis principais, Reynolds e Baccarin tem uma bela química e conseguem convencer como um casal romântico, mesmo ele sendo o mais improvável possível. A de se confessar que esse é o verdadeiro personagem de Reynolds no universo dos heróis, o que o próprio deixa bem claro com piadas que brincam com sua condição de ator de comédia e até parodiam escolhas equivocadas do ator em outros filmes. Na lista dos vilões, Ed Skrein (como Ajax) e Gina Carano (Angel Dust) não incomodam, mas também não saem de uma zona de conforto que os façam ser testados de uma melhor forma dramática, o que também acontece com todos os personagens de relativa participação na trama.

No mais, Deadpool se vende de forma sincera: um filme de baixo orçamento, desesperado por uma risada e com vários probleminhas de continuidade. Entretanto, é assim que ele quer ser reconhecido e consegue cumprir bem esse papel aos olhos do público. Poderia até ser mais louco e quem sabe até mais ácido, mas prefere se garantir nas bilheterias e deixar os telespectadores com a pulga atrás da orelha sobre o que poderá ser feito ao personagem em uma provável continuação.

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