10 shoujos que falam sobre bullying


Quem não ama um bom shoujo? Confesso, adoro de paixão essas histórias que falam mais sobre relacionamentos e contam as vidas desses personagens. Mas, apesar de muitos shoujos contarem histórias fofas, simples e boas de ler, alguns autores sabem bem como utilizar o gênero para contar histórias fortes com temas que envolvam bullying.

É inteligente se utilizar de traços delicados e personagens bonitos para passar mensagens tão importantes que falam de respeito, violência, superação, dificuldades e tantos outros assuntos densos que acontecem na vida real e que merecem ser contados.

Não que todos esses abordem todos os aspectos acima, tentei fazer uma seleção com diversos tipos de bullying sofridos pelos personagens das seguintes obras para inspirar leituras, despertar novos conceitos e fazer com que esse assunto seja refletido para que melhoremos cada vez mais como sociedade e ajudemos a quem precisa.

Vitamin

Vitamin é um shoujo que conheço desde os primórdios da revista Neo Tokyo, mas que nunca tinha
parado para ler, depois que a internet já disponibilizava tudo online. No final de 2015, o mangá foi lançado no Brasil pela Editora JBC e pude passar pela experiência de ler um dos mangás mais depressivos sobre bullying.

O mangá conta a história de uma adolescente que estava em um relacionamento abusivo com o namorado e tem sua vida transformada em um verdadeiro inferno depois que os dois são flagrados por um colega em uma sala de aula tendo relações. Apenas Sawako é reconhecida e, a partir deste episódio, passa a ser atormentada pelos alunos da escola e recebe um rótulo de "garota fácil".
Vitamin testa os limites do bullying, digo testa, pois sei que existem shoujos sobre suicídio por causa de bullying, mas este shoujo drena a personagem até o seu limite emocional, fazendo com que na história, ela largue a escola por não conseguir mais enfrentar os ataques extremamente pesados que sofria diariamente.

O que chamou a minha atenção em Vitamin é que ao perceberem as dificuldades da filha, os pais de Sawako dão apoio a ela, que consegue se recuperar gradativamente após redescobrir um antigo sonho, virar mangaká. E tudo isso em um volume único, a autora articula a história maravilhosamente.

Colégio Feminino Bijinzaka



Mayumi Yokoyama é uma das minhas autoras favoritas de shoujo, não só pelas histórias hilárias e híper clichês, mas também pelo traço belissimo com que retrata suas Gals. Colégio Feminino Bijinzaka é um shoujo colegial que conta a história de En Nonomiya, que após ser expulsa de sua escola, vai estudar em um colégio para damas.

Típico das protagonistas de Yokoyama, En é a perfeita encrenqueira e barraqueira, que chegou para causar no colégio. Junte esse pacote com uma queda por garotos rebeldes e um melhor amigo na friendzone e está montado o plot da autora. Mas nem tudo é oba oba, por sua personalidade forte e estilo próprio, En será perseguida pelo Comitê de Moral do colégio, que quer "endireitar" a garota a todo custo.

Em três volumes a protagonista sofre para continuar autêntica e avançar nos seus romances, e a diferença das personagens da autora para outras vítimas de bullying, é que elas são duronas, aguentam o bullying bizarro praticado pelas outras garotas e mesmo machucadas e esfoladas, saem vencedoras no final, mesmo que não consigam chegar nos finalmentes com seus namorados. Enfim, é uma história não tão pesada sobre bullying e que rende boas risadas.

Lovely Complex



Love.Com, sério? Sim, sério! Como o próprio título da obra sugere, é um complexo amoroso. Risa Koizumi e Atsushi Otani são os protagonistas em uma comédia romântica, na qual ela sofre por ser alta demais para os padrões japoneses e ele por ser baixo demais. Por mais que Love.Com seja uma história para aproveitar o humor, é possível perceber os conflitos internos dos personagens, que se incomodam com suas alturas e com as piadinhas e até rejeições sofridas.

Koizumi e Otani fizeram uma aposta para ver quem arranjaria um(a) namorado(a) primeiro. Claro que por ser um shoujo eventualmente o casal irá se apaixonar, mas não antes de quebrarem a cara na parede tentando encontrar suas "almas gêmeas" reforçando os padrões que eles mesmos sofrem por causa de suas alturas.

Otani, que mede 1,56 m, procura a namorada perfeita dentre as meninas quietinhas, educadas e baixinhas, pois, segundo o garoto, é assim que as namoradas devem ser. Por sua vez, Koizumi procura por garotos mais altos que ela, que mede 1,70 m. Contado de um jeito engraçado, esquecemos ao acompanhar a história, que os dois reforçam o preconceito das alturas, achando inadmissível namorarem com pessoas diferentes de suas aspirações.

Olha o spoiler! Koizumi se apaixona primeiro por Otani e sofre muito durante o processo de contar para o garoto sobre os seus sentimentos, justamente por ele não enxergá-la como garota, pois Koizumi é alta (bem mais alta que ele), escandalosa e com personalidade fortíssima, e por isso que os dois vivem brigando.

É realmente um prazer acompanhar a evolução dos personagens em Love.Com, quando eles finalmente descobrem que altura ou qualquer outro atributo físico não tem relação com o amor, e é também muito engraçado todo o processo! É por isso que esse é um dos meus shoujos favoritos de todos os tempos!

Peach Girl



Peach Girl tem uma das histórias mais pesadas que falam sobre bullying que já li. Momo Adachi é uma garota que se bronzeia fácil, por isso resolveu sair do clube de natação e "cuidar" da pele e do cabelo que clareava muito por causa do sol. Acha besteira? Momo sofria por causa do tom de sua pele por ser confundida com kogyarus ou kogals, garotas vulgares, dentro e fora do colégio, além de ficar se comparando as outras garotas com pele mais clara, que é o padrão japonês.

Esses problemas já encheriam as páginas de diversos shoujos, mas a autora Miwa Ueda achou pouco. Momo tem sua vida arruinada por uma "amiga", Sae Kashiwagi, que por querer ficar com o garoto que Momo gosta há bastante tempo, arma diversas situações terríveis para a personagem. Vale lembrar que Sae tem o típico visual de garota japonesa, pequena de pele bem clara e feições delicadas e gosta de maltratar Momo por ter um visual diferente.

Momo acaba se metendo em um triângulo amoroso com o garoto mais popular da escola Kairi Okayasu e o seu verdadeiro interesse amoroso, Toji. Mas pense em um triângulo amoroso infernal, onde cada passo que Momo dá, se afunda mais e mais nas armações de Sae. Chega um ponto em Peach Girl que parece que a personagem principal não vai conseguir superar todos os preconceitos, armações e coisas ruins que acontecem em sua vida.

Mas com a ajuda de Kairi, outras pessoas que entram na vida de Momo e até mesmo Toji (preparem-se para ter raiva dele), a personagem consegue, aos poucos, recuperar-se e reconstruir sua vida, que ficou completamente destruída depois que Sae decidiu tirar-lhe tudo por inveja e ciúmes da personalidade e vida de Momo. Isso não quer dizer que Momo seja fraca, pelo contrário! Se a garota não fosse uma "super girl" com certeza não teria aguentado tudo que passou, Momo é um exemplo de superação e energia positiva.

Não gosto de dar muito spoiler de Peach Girl por que adoro ver as pessoas para quem eu indico esse shoujo se indignarem com cada passada de página e as maldades feitas por Sae! Para quem gosta de muitas intrigas, história complexa e personagem forte, fica aí minha indicação.


Limit



Limit é um mangá que está sendo publicado no Brasil há pouco tempo, mas que me chamou muita atenção. Querendo retornar ao mundo dos shoujos e procurando por novidades, após me mostrarem a primeira edição, comprei Limit para conhecer e por imaginar, pela capa, que era mais um mangá sobre bullying escolar.

Limit terá seis edições, mas já me chocou na primeira, lendo as primeiras páginas e me identificando com a história de uma menina que apesar de não pensar como as outras, se esforça para se encaixar em seu grupo de amizade para não ser excluída, de repente rolamos barranco abaixo juntamente com o ônibus escolar no qual a turma de Mizuki Konno está viajando e nos vemos surpresos juntamente com os personagens que sobreviveram, isso mesmo, sobreviveram à queda quando são expostos a uma situação extrema.

Além de terem que lidar com uma situação absurdamente perturbadora que é perder os colegas e professores e se encontrarem perdidas em uma floresta sem comunicação, as sobreviventes ainda terão de enfrentar a vingança de uma das alunas que sofria bullying intenso e que acredita que o acidente foi um presente de Deus, que matou -quase- todas as pessoas que ela odiava por maltratarem dela. Agora a nova tirana transformará o exílio de Mizuki Konno e as outras garotas em um jogo vingativo infernal.

Ah, ele é da mesma autora de Vitamin, Keiko Suenobu.

Kare First Love



Kare First Love é uma típica história de amor contada em shoujos, na qual uma menina sem graça e tímida se apaixona por um rapaz. Karin Karino acaba conhecendo Aoi Kiriya da pior maneira, a garota estava em um ônibus onde alguns garotos tentavam fotografar garotas, mas Karin só recebia comentários maldosos falando de seus óculos e sua aparência. Kiriya acaba se aproximando, mas a garota se incomoda e um incidente faz com que Kiriya levante acidentalmente a saia da menina.

Além da pouca auto estima que a personagem principal tem, ela possui uma "amiga", Yuka, que se aproveita das fraquezas e dificuldades para conseguir respostas na escola e tenta separar o casal principal quando começam a se relacionar.

Kare First Love não despertou nenhum sentimento especial durante as minhas leituras, mas acaba sendo lembrado por possuir a personagem feia, mal arrumadinha e sem auto estima, que acaba encontrando um amor, após se livrar de pessoas que só estavam ao seu lado para usá-la. É uma boa leitura para os fãs de shoujo, já que fala de auto-aceitação e amadurecimento dos personagens.

Galism



A sonhadora, a ex-delinquente e a patricinha, as três irmãs Ugajin estão sozinhas em casa enquanto seus pais viajam e precisam assumir uma dívida de 50 milhões de ienes deixada por eles. Como o velhinho e dono do Colégio Manten que apresentou a dívida era muito amigo de sua família, as três foram poupadas da falência, mas agora precisariam cuidar do colégio juntamente com seu neto Kento Suenaga.

As três acabam se tornando as Defensoras da Justiça do Colégio, que tem como missão exterminar os delinquentes do colégio. Agora faço uma pausa para dizer, se é que já nao saibam, que Galism é da mesma autora de Colégio Feminino Bijinzaka, ou seja, barracos, queda por garotos rebeldes e um melhor amigo na friendzone resumem por alto a vivinha das irmãs Ugajin. Ran, a mais nova, acaba se apaixonando pelo pior delinquente do colégio, Yuudai Araki, que por possuir fãs e seguidoras que criam uma gangue (GAG), acaba colocando a namorada Ran na mira do bullying, já que agora seu namoro e a perda de sua virgindade estão ameaçados pelo GAG.

Tirando as inúmeras tretas envolvendo o Kento Suenaga e sua família, temos mais casos amorosos e bullyings com Nobara e sua insitência em ficar com Kento, seu amor verdadeiro, depois de namorar todos os homens possíveis, que fica rotulada com "fácil", "galinha" e não ser nenhum pouco popular por ter seu estilo Gal totalmente assentuado.

A irmã mais velha, Yuri uma das fundadoras de uma violenta gangue, ou grupo de Gals, o Night Fox, decide deixar sua vida de delinquente, depois de ser salva por Rei Tsukiyama, o psicólogo da escola, com quem vive um relacionamento escondido. Yuki sofreu muito ao decidir sair do grupo, para quem conhece um pouco das histórias dessas gangues japonesas, sabem que a saída significa agressão intensa, que pode levar até a morte, fora a eterna fama de delinquente que a personagem acaba carregando.

Mas repito, as personagens de Mayumi Yokoyama são osso duro. Apesar de muito maltratadas por seus relacionamentos pessoais e pelo fato de serem as defensoras do colégio - o que já causa muito ódio entre os alunos - as três irmãs apoiam umas as outras e terminam fortes e com auto-estimas além do céu.

Kimi ni Todoke



Kimi ni Todoke é um shoujo fofíssimo e que apesar de se iniciar com bullying, vai se adocicando a medida que a história avança. Aqui conhecemos Sawako Kuronuma, uma dedicada e simpática estudante colegial, mas que é totalmente ignorada e até sofre ataques injustos apenas por se parecer com a personagem Sadako da versão japonesa de O Chamado, Ringu.

Sawako faz diversas atividades no colégo e tira notas muito boas, mas seus colegas tem medo dela e vário boatos relacionando a garota com o sobrenatural se espalham. Ela tenta ser gentil e ajudar a todos e muitas vezes não entende as reações em relação a ela. As coisas só começam a mudar quando o garoto mais popular da série, e talvez do colégio todo, Shota Kazehaya, começa a enturmá-la e fazer com que todo o "misticismo" que rodeia Sawako comece a desaparecer.

Como Kimi ni Todoke é um shoujo, obviamente o casal vai se apaixonar e a pobre Sawako vai ser perseguida por todas as fãs do adorável Kazehaya. Durante a primeira parte do mangá Sawako cresce bastante como personagem e faz duas amizades preciosíssimas com Ayane Yano e Chizuru Yoshida, que a ajudam a enfrentar as dificuldades e ainda rendem histórias paralelas ainda mais interessantes que a do casal principal. Fora que o mangá ainda trata de diferente tipos de bullying explorando essa amizade entre as três como isolamento, garotas não tão femininas, delinquentes e até insinuação de prostituição. Então é bastante confortante ver a evolução das personagens e acompanhar suas histórias.

Utena



Utena é daquelas histórias que surpreendem com o enredo, pelo menos para mim foi assim. Gosto de ler essas viagens que os autores fazem mesmo dentro de gêneros como shoujo. Tenjou Utena é uma garota nada feminina e que se parece com um príncipe. Achou que ela sofreria bullying por isso? Errado. Utena é adorada e tem muitos fãs por ter uma personalidade marcante e forte e um comportamento galante e totalmente diferente de qualquer outra garota.

A personagem foi salva por um príncipe quando pequena e recebe deste um anel, decidindo tornar-se um príncipe. Quando Utena chega a Academia Ohtori, conhece diversos personagens excêntricos assim como o príncipe em sua história e acaba salvando um deles, a indefesa e feminina Anthy, que é chamada de A Noiva da Rosa. Após o episódio, Utena mergulha em um mundo que desconhecia e terá que duelar para salvar Anthy dos Noivos que buscam obter o poder da Noiva da Rosa.

Utena é uma história que envolve romances com personagens do mesmo sexo e o faz com bastante naturalidade, pois quem possuir a Noiva da Rosa, realmente ganha uma noiva, ou quase uma escrava, que é como Anthy se comporta. Tudo isso porque a misteriosa garota pode oferecer um poder ao seu noivo. E assim, Utena decide proteger Anthy do abuso dos outros duelistas e o próprio irmão da Noiva da Rosa, enquanto busca por seu verdadeiro príncipe.

É realmente frustrante ver como Anthy se comporta com seus Noivos, na cabeça dela é uma obrigação que faz com prazer em servir quem a possuir de qualquer maneira que seja solicitada. É interessante ver os esforços e Utena em mudar a situação e salvar a garota a todo custo.

Koe no Katachi



Este shoujo conheci enquanto fazia uma pesquisa para esta matéria. A história traz uma trama tão interessante que me motivou a procurar mais informações e acabei lendo o one-shot que deu origem a várias outras edições do mangá.

Koe no Katachi conta a história de uma menina surda que vai para uma escola que claramente não está preparada para receber alunos com necessidades especiais. Shōko Nishimiya se comunica com seus colegas através de um caderno e tem a intenção de ser amiga de todos. Mas por causa de sua surdez, os colegas de classe passam a perturbá-la e os professores a ignorá-la sem apresentar nenhuma didática ou tentativa de ajudá-la. Assim a menina sofre diversos ataques, inclusive vindo a perder diversos aparelhos auditivos caríssimos, que eram quebrados por seus colegas.

Gosto de ler as mais variadas histórias de Shoujo e sempre tento conhecer autores e tramas novas. Posso dizer que esse one-shot me pegou de surpresa pela sua abordagem cruel do bullying e como a história se densenrola. A ilustração é pesada e deixa transparecer a desidade e a dor da personagem.

Li que criou a maior confusão no Japão por causa do tema considerado polêmico, muitas revistas se negaram a publicar, mas a história é tão forte, tanto como mensagem, quanto como experiência que teve força para ir além da publicação do volume único e render uma série com mais edições.

2 comentários

  1. Vc esqueceu de Karekano em certo momento a protagonista sofre bullying de duas garotas não no mesmo volume do mangá

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  2. Infelizmente no conteúdo é apresentado apenas animes onde garotas sofrem bullying... Sabe, existem pessoas que se interessam mais por garotos no destaque do que por garotas, aconselho a aplicar isso nos próximos posts.

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