Com a crescente onda de jogos e aplicativos para smartphones, surgem a todo momento ideias inovadoras que exploram as infinitas capacidades que a tecnologia nos proporciona. Nerve: Um Jogo Sem Regras, a mais nova produção da Lionsgate, traz exatamente esse conceito em meio a um enredo repleto de ação e suspense, onde jogadores colocam sua vida em risco em uma série de desafios.
O filme introduz a jovem Vee (Emma Roberts), uma tímida adolescente que sonha em entrar para uma faculdade ao final do ensino médio. Sempre levando sua vida de maneira controlada e sem tomar grandes riscos, ela vê todo seu mundo mudar após brigar com Sydney (Emily Meade), sua melhor amiga, o que faz com que resolva entrar em Nerve, um jogo no qual precisa executar desafios que vão de encontro ao modo como sempre agiu.
Ao se inscrever em Nerve, há a opção de seguir como jogador, a pessoa que deve realizar os desafios e ganhar a recompensa em dinheiro para cada vitória, ou observador, aquele que envia os desafios para os jogadores e observa seu cumprimento. Para provar que todos estavam errados sobre si, Vee se inscreve como jogadora e em seu primeiro desafio, deve beijar em público o misterioso Ian (Dave Franco), outro jogador. A partir daí, os desafios passam a unir os dois em situações cada vez mais perigosas.
Ian (Dave Franco) e Vee (Emma Roberts) - Foto: Niko Tavernise |
Em um primeiro momento, a ideia de existir um aplicativo/jogo que permita a pessoas desafiarem e acompanhar a vida de outros parece um tanto absurda. Mas com pouca reflexão, a existência de um jogo como Nerve no mundo atual passa a ser algo bastante possível. Com o sucesso de reality shows e até de aplicativos como o Snapchat e o Periscope, a vida de muitos já está publicizada na internet, sem falar na existência de jogos que estimulem as pessoas a sair de sua zona de conforto para chegar a algum objetivo, a exemplo de Pokémon Go fazendo jovens e adultos saírem por ai. Assim, não haveria surpresa se surgisse um jogo que reproduzisse, de certo modo, as bases de Nerve.
No filme, é interessante perceber como é trabalhada essa dinâmica de um jogo com altos riscos em uma sociedade no nível da que vivemos. Os comportamentos de jogadores e, principalmente, de observadores, são bastante reais na medida que tomam escolhas e posicionamentos extremamente cabíveis. Os observadores tomam a ideia toda como se fosse um simples jogo, sem considerar a vida dos jogadores no processo, o que acaba elevando a tensão na trama sem criar grandes absurdos.
No decorrer da história, também se eleva o suspense com a incerteza de quem é observador, pois, em um certo ponto, todos começam a parecer suspeitos, o que faz com que os protagonistas sejam vigiados a todo momento. Por outro lado, o suspense criado não retira a naturalidade da trama, sendo ela balanceada com circunstâncias divertidas e pitadas de drama adolescente. Ainda, traz bons momentos de ação típicos da Lionsgate em seus filmes recentes.
São apresentados, ainda, inúmeros personagens com personalidades formadas, mas que não vem a interferir tanto no desenrolar dos fatos como os protagonistas. Há um foco especial para o relacionamento entre Vee e Sydney, que têm sua amizade posta a prova diante da pressão criada pelo jogo e das diferenças de comportamento que cada uma apresenta.
Contudo, no geral, o verdadeiro centro da narrativa está sobre Vee e Ian. Com a sucessão de desafios, os dois passam a se conhecer melhor, criando vínculos e aprendendo defeitos e qualidades um do outro. Há uma insegurança sobre a real identidade de Ian que é bem trabalhada e não deixa de ser explicada até o final do filme, que acaba parecendo um pouco corrido, mas sem grandes prejuízos.
Nerve: Um Jogo Sem Regras traz uma trama equilibrada entre ação e suspense para ser aproveitada por jovens e adultos. Com uma história bem construída e um ritmo satisfatório, desenvolve bem seus personagens com histórias envolventes e uma dose certa de tensão.
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