O terceiro e último filme que encerra as aventuras solo do Wolverine simboliza a suposta despedida de Hugh Jackman no papel de um dos mutantes mais icônicos. Logan traz uma mudança de tom diante dos outros filmes da franquia, representando um lado mais vulnerável do personagem, enquanto sua essência é mantida.
Por Ana Luiza Bélico e Eduardo Bélico
Em 2029, não há mais X-Men e a comunidade mutante deixou de existir. Apenas com alguns poucos mutantes escondidos da nova dura realidade, Logan (Hugh Jackman) assume uma nova identidade e tenta viver anonimamente como um motorista de limousine. Enquanto passa seus dias auxiliando um debilitado professor Xavier (Patrick Stewart), sua vida é interrompida após o violento encontro com a pequena Laura (Dafne Keen), o que o leva a abandonar sua rotina para protegê-la e lutar pelo futuro dos mutantes.
Após nove filmes dando vida ao personagem, Jackman interpreta um Logan muito diferente daquilo construído nos cinemas, agora fraco e abatido pelos eventos desastrosos que o assombraram durante sua existência. Sua morte parece ser algo inevitável, sendo visível seu desgaste ao longo do filme. É angustiante acompanhar um personagem que ganhou sua fama pela força e dureza inabaláveis, sofrer para realizar o que antes desempenhava com destreza.
Ainda que exista um fator psicológico, há uma doença física que o está deteriorando. Ele já não pode mais contar com seu fator de cura, pois até isso foi afetado, prejudicando o desempenho de suas garras de adamantium e seu estilo de luta. Mesmo assim, o Wolverine surge feroz quando é levado ao extremo, demonstrando que seu instinto ainda está ativo, mesmo que o corpo não responda como deveria.
Logan (Hugh Jackman) dá tudo de si para levar Laura (Dafne Keen) ao Éden - Foto: Reprodução Internet |
Laura, por sua vez, é um sopro de energia e juventude em meio a todo o desgaste representado no longa. Ao interromper o convívio entre Charles e Logan, a criança torna-se uma responsabilidade muito maior, uma vez que representa a esperança de renascimento de toda uma raça, que já não tem produzido novos mutantes há anos.
Originalmente conhecida como X-23, a jovem mutante funciona muito bem como uma nova versão da máquina mortífera que o Wolverine uma vez representou. Ela não só consegue fazer tudo que ele fazia, como também dispõe de novos truques e habilidades de batalha inigualáveis. Ver os dois em combate, mostra uma afinidade singular que se traduz em uma combinação fantástica. O único porém, é que é uma pena que não foi possível ver essa conexão enquanto o Wolverine estava no seu auge.
Outro personagem chave do filme é o professor Charles Xavier, que, assim como Logan, passa por severas provações em decorrência de uma doença degenerativa. Um dos problemas tratados na história é exatamente o descontrole causado pela doença no cérebro mais poderoso do mundo, que tem potencialidade de causar danos não só a ele, como a todos a sua volta. Todo o arco do professor Xavier é muito bem tratado por todo o filme, sendo as explicações inseridas a medida que a história progride.
Na verdade, a produção funciona como um fechamento de ciclo para Hugh Jackman e Patrick Stewart como intérpretes desses emblemáticos personagens no cinema, honrando suas essências, mas ainda assim os explorando em um novo ambiente.
O professor Xavier (Patrick Stewart) em idade avançada - Foto: Reprodução Internet |
O ponto central da trama é que Logan precisa superar uma série de obstáculos para levar Laura ao Éden, o local aonde supostamente haveria segurança para mutantes, enquanto foge de constantes perseguições. A ambientação é muito similar ao game The Last of Us, aonde um adulto e uma criança precisam cuidar um do outro para chegar ao destino almejado. Um aspecto interessante do filme é que Logan precisa aceitar que essa missão só ser cumprida por ele, sendo necessário, durante a jornada, recuperar muito do antigo Wolverine para sobreviver.
Há também uma boa quantidade de referências aos quadrinhos e ao primeiro filme da franquia (X-Men: O Filme). É interessante ver que na própria trama os X-Men viraram personagens de quadrinhos, coexistindo com personagens reais no mesmo universo. Apesar disso, é importante ressaltar que Logan não conta a história dos X-Men, mas encontra seu foco na jornada de Logan e Laura.
Com uma narrativa única e uma ambientação atípica para filmes de super-herói, sendo caracterizada por uma cadência menor e cenas pontuais de ação, Logan se destaca dos filmes do gênero. A trilha sonora se integra bem com a proposta do longa, que é contar uma história, pois, por mais que a ação seja muito bem coreografada e bastante crua, o foco prevalece sobre a história. Não obstante, não se deve tirar o mérito das impressionantes cenas de luta, aonde é possível ver o Wolverine dilacerando seus inimigos sem qualquer censura.
Apresentando essa ambiência singular, o filme ainda mantém inúmeros elementos da franquia cinematográfica, não destoando das produções anteriores e seguindo dentro da estética dos X-Men. Logan, assim, consegue reaproveitar os recursos introduzidos previamente na franquia, enquanto traz uma nova perspectiva para o futuro dos mutantes.
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