Se você cresceu nos anos oitenta, provavelmente acompanhou o "boom" da Luta Livre na televisão encabeçados por astros da WWF como Hulk Hogan e Ric Flair.
Crítica por: Ana Luiza Bélico e Raphael Maiffre
Seguindo com mais um seriado adaptado na década de oitenta, a Netflix apresenta a série GLOW que retrata de forma ficcional o grupo original de garotas lutadoras de 1986 (G.L.O.W.) em uma trajetória com muitos obstáculos para terem sucesso nas suas carreiras.
O diretor Sam Sylvia (Marc Maron) e as futuras lutadoras do GLOW - Foto: Reprodução internet |
A trama começa com Ruth Wilder (Alison Brie) uma atriz que mora em Los Angeles e recebe um telefonema para participar de uma seleção para um novo programa de televisão. Precisando pagar suas contas ela aceita o convite de Sam Sylvia (Marc Maron), um cineasta canastrão que quer a qualquer custo levar para as casas americanas um programa de luta livre protagonizado por mulheres, GLOW.
Buscando criar uma identidade em meio às críticas de Sylvia, Ruth começa a criar seu próprio personagem em uma busca para encarar seus próprios problemas e erros cometidos, que estão diretamente entrelaçados com a co-protagonista Debbie Eagan (Betty Gilpin) que é forçada a tomar decisões difíceis sobre a sua própria vida e protagonizar um dos núcleos mais profundos e emocionantes da história.
Compondo o roster de estrelas temos uma grande mistura de personagens que aparecem não só para compor o elenco mas para trazer passagens importantes que revelam uma parte não tão falada dentro do universo de entretenimento, o preconceito racial e sobretudo a participação das mulheres em um ramo que é praticamente dominado pelos homens.
As atrizes Ellen Wong, Sunita Mani, as cantora Kate Nash e Jackie Tohn e Kia Stevens (lutadora na vida real, Kharma) são representações fortíssimas de minorias estereotipadas que foram propositadamente colocada para mostrar como o mundo daquela época enxergava suas etnias, nacionalidades e gostos pessoais.
É importante a estréia de uma série com foco no universo feminino e as literais lutas que as mulheres precisam enfrentar para ocupar seu devido espaço. Em um território masculino como o da luta livre, no qual o sexo oposto é apenas visto como entretenimento visual, as meninas do GLOW vão além de Gorgeous Ladies of Wrestling (Garotas lindas do Wrestling) e trabalham dobrado para mostrar que são muito mais do que garotas em collants.
As críticas são tantas e partem de todo tipo de preconceito. Além de questões de gênero, raciais e sociais, o próprio wrestling, tema foco da série, sofre por ser considerado apenas um faz de conta, algo armado, mas que na verdade necessita de trabalho intenso e muita dedicação como a série faz questão de retratar de uma maneira bem real.
Ruth (Alison Brie) encontra na luta livre um lugar para encarar os seus problemas pessoais - Foto: Reprodução internet |
Você não precisa ser fã de luta livre para gostar de GLOW, claro que se você já faz está familiarizado com pro-wrestling irá notar dezenas de referências escondidas (ou não) em cada episódio, fora as participações de astros como John Morrison (WWE / Lucha Underground) e Christopher Daniels (ROH). Morrison inclusive desempenha um ótimo papel no piloto de GLOW que faz mais verossímil o primeiro ato do seriado.
Somado a um elenco divertido e ótimos personagens, GLOW é outro seriado da Netflix que consegue retratar com bastante precisão os anos oitenta, indo desde o figurino marcante até as músicas que embalam grandes momentos da produção. Além disso, a série retrata dilemas e desafios do universo feminino, tratando com respeito as histórias de cada personagem, tornando até mesmo uma série sobre luta livre, fácil de se emocionar e se relacionar.
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