Em Ritmo de Fuga mistura a velocidade e música de demônio sobre quatro rodas


As pistas ficam quentes quando Baby (Ansel Elgort) coloca suas habilidades como motorista à disposição de um grande criminoso. Em Ritmo de Fuga (Baby Driver) conta a história de Baby, um jovem apaixonado por música e com uma enorme habilidade no volante, que faz parte de uma quadrilha de roubos milionários como piloto de fuga. E acredite, ele pode dirigir qualquer tipo de carro que puser as mãos.

O que dá significado a vida de Baby são suas músicas e uma infinidade de Ipods que possuem seleções especiais para cada tipo de situação. Apesar de fazer parte de um grupo de criminosos, Baby não é uma pessoa ruim. Ele é um jovem calado e extremamente concentrado, seus dias se resumem aos trabalhos sujos que precisa participar, sua relação com um senhor paraplégico e mudo, que foi seu pai adotivo, além da música.

Baby foi engolido por um sistema corrupto ao roubar o carro de um chefe do crime e contrair uma dívida a ser paga em troca de tirar capangas dos diversos locais assaltados. O filme possui uma boa rotatividade de personagens e, apesar de apresentar um único núcleo, consegue dinamizar suas relações com a entrada e saída de figuras que vão complementando a história de Baby. Mesmo com o foco no jovem motorista, seu elenco de apoio com atores como Kevin Spacey, Jamie Foxx e Jon Hamm, dá vida à história e traz diferentes facetas para a trama.

O diretor Edgar Wright (terceiro, da direita para a esquerda) dá vida a uma história relativamente simples com personagens interessantes - Foto por Wilson Webb - © 2016 CTMG, Inc. All Rights Reserved.

A produção de Edgar Wright trabalha bem o equilíbrio entre as emocionantes cenas de perseguição e ação, com inserções de uma narrativa mais leve e até mesmo romântica, ou partes sofridas e dolorosas como as lembranças de Baby. É com muito sucesso que Wright transforma um clássico conto de sonho norte-americano de sair dirigindo sem rumo com uma boa trilha sonora, em um filme interessante, dinâmico e com um visual bastante diferenciado.

Com um ritmo confortavelmente transitório entre pura adrenalina e emoções, o diretor cria uma estética muito própria do filme, uma identidade visual forte que traz cores, ângulos e sons bem definidos e escolhidos, mostrando um trabalho belíssimo de edição casado diretamente com a visão do diretor de integração entre cenas e músicas com grande sincronismo.

Nas partes em que os carros e os picos de ação estão envolvidos, há uma evidente tensão que poderia agoniar o expectador pelas muitas manobras perigosas e direção agressiva, mas que de tão bem distribuídas pelo filme entre os crimes, não causam desconforto, mas sim uma explosão de adrenalina.

Em Ritmo de Fuga é um filme que tinha tudo para apresentar uma trama óbvia, já que possui uma história simples e bem direta, mas as escolhas do diretor e o rumo tomado pela história, apresentam soluções surpreendentes que vão prendendo a atenção do público até o último momento com cenas na tela. É um filme para assistir mais de uma vez, pois valoriza seus próprios atributos, usando imagem, atuação e uma excelente seleção de músicas para trilha sonora da melhor maneira possível.
 

0 comentários:

Postar um comentário

My Instagram