Homem-Aranha: De Volta ao Lar (Spider-Man: Homecoming) é um grande marco não apenas para o universo cinematográfico da Marvel, como também para todo o gênero dos super-heróis nos cinemas. Sem dúvidas um dos mais icônicos heróis de todos os tempos, o Homem-Aranha encara uma nova encarnação nas telonas, dessa vez interpretado pelo promissor Tom Holland e finalmente sob a supervisão e produção da Marvel Studios.
Mas qual o porquê da relevância desse filme, considerando que já existem adaptações anteriores do personagem? A primeira questão é que diferente das franquias mais recentes (tanto a trilogia de Sam Raimi interpretada pelo ator Tobey Maguire, quanto a recente franquia do Espetacular Homem-Aranha dirigida por Marc Webb e interpretada por Andrew Garfield), De Volta ao Lar surgiu de um acordo entre a Marvel Studios e a Sony que permite o compartilhamento do herói e o integra no MCU. Isso é extremamente importante para a Marvel, pois com o envelhecimento dos seus principais atores no cinemas, ter um jovem Peter Parker para encabeçar o seu universo cinematográfico é essencial para a continuação do sucesso da marca.
Outro ponto é que, agora "sob a asa" da Marvel, mais histórias e personagens do aracnídeo podem ser adaptados, o que, juntamente com os recursos que a empresa tem a oferecer, dá maior perspectiva para o sucesso dessa nova fase do Aranha, que tem algumas das melhores histórias dos quadrinhos para oferecer.
De Volta ao Lar conta a história de um jovem Homem-Aranha - Foto por Chuck Zlotnick - © 2017 CTMG, Inc. All rights reserved. |
Dito isso, o longa segue a história de Peter Parker (Tom Holland), um jovem nos seus 15 anos que tenta balancear as responsabilidades na escola com sua iniciante carreira como super-herói. Após ter suas habilidades reconhecidas pelo bilionário Tony Stark (Robert Downey Jr.) em Capitão América: Guerra Civil, Peter busca provar que faz jus ao uniforme, enquanto lida com seus problemas diários no Queens, até que uma nova ameaça surge na pele do assustador Abutre (Michael Keaton).
Aproveitando diretamente os acontecimentos de Guerra Civil, De Volta ao Lar rapidamente conta como Peter foi recrutado por Tony Stark através de seu motorista Happy Hogan (Jon Favreau) e relembra alguns dos eventos da batalha do aeroporto na visão de Peter. A partir daí, o Peter volta para sua vida cotidiana, mantendo Happy como seu contato em caso de quaisquer eventualidades.
Ainda que a divulgação do longa tenha sido quase que inteiramente realizada se utilizando o rosto do Robert Downey Jr. em trailers e posters (o que até mesmo criou uma brincadeira na internet sobre o filme ser uma continuação não-oficial de Homem de Ferro), Homem-Aranha: De Volta ao Lar, por sorte, não conta com tamanha presença do veterano do MCU como indicado na divulgação. A maior parte da interação de Peter acaba sendo com Happy, mesmo que este o ignore na grande maioria do tempo, cabendo a Tony Stark intervenções pontuais que acabam sendo bastante construtivas para a trama.
Tom Holland interpreta o mais novo Peter Parker com jovialidade e dedicação - Foto: Reprodução Internet |
O valor disso é que sobra mais espaço para que Peter Parker se desenvolva enquanto pessoa e para que sua persona do Homem-Aranha ganhe sua identidade enquanto um herói independente. Assim, os poucos momentos em que Tony efetivamente aparece na história servem para solidificar sua figura de mentor, uma vez que, no longa, Peter ainda é muito jovem e inexperiente, o que se revela como um dos elementos centrais da narrativa.
Uma grande parte do filme é dedicada para trabalhar a vida colegial do jovem, mostrando suas relações e a dificuldade de esconder suas atividades secretas enquanto aprende a ser um herói. Nesse caminho, ele é apoiado por um bem explorado grupo de personagens interpretado por um excelente elenco, em especial o cômico Nes Leeds, interpretado por Jacob Batalon, e a jovem e atraente Tia May interpretada por Marisa Tomei (Com uma beleza que rende boas risadas).
Mais um acerto do roteiro e da direção foi optar por não recontar a história do Tio Ben e como Peter ganhou seus poderes. Depois das adaptações anteriores, é seguro dizer que esses eventos são de senso comum, existindo apenas pequenas referências para ambos acontecimentos nesse novo trabalho.
Além disso, há um bom aproveitamento de elementos já conhecidos do universo cinematográfico da Marvel, inclusive com uma similar trilha sonora às outras obras da franquia, que auxiliam na estruturação da história, mas não intervém a ponto de Homem-Aranha: De Volta ao Lar ser apenas mais um filme da Marvel. Pelo contrário, funciona ele como obra individual muito bem amarrada que serve como ponto de partida para uma promissora desenvoltura do aracnídeo.
Michael Keaton vive o perigoso e intenso Abutre - Foto: Reprodução Internet |
Um dos aspectos que o caracteriza como tal, é o surpreendentemente bem trabalhado Adrian Toomes, o Abutre. Tem se popularizado que os vilões da Marvel nos cinemas nem sempre tem sido o melhor que poderiam ser, seja diante de fracas atuações ou motivações irrelevantes, o que não se repete com o Abutre. Com motivações bastante plausíveis, um vínculo direto criado com o herói e uma intensidade singular, o icônico vilão foi personificado com maestria por Michael Keaton, que se revela como uma ameaça real para Peter, se solidificando como um dos melhores vilões de filmes de super-heróis da história recente.
O filme conta, ainda, com positivas participações de Zendaya, Tony Revolori e Donald Glover, mas é Tom Holland que acaba sendo o grande destaque da trama, dando um novo sopro de vida para o popular, mas recentemente colocado de lado, Homem-Aranha. A dedicação do ator na divulgação e preparação do longa foram exemplares para mostrar seu nível de comprometimento com o papel, que ficam evidentes na tela e criam uma carismática nova encarnação de Peter Parker nos cinemas.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar se constrói, assim, como um início sólido para o aracnídeo com história e personagens envolventes.
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