Amityville: O Despertar revive mal antigo em um desfecho previsível


Um cenário bastante comum em filmes de terror envolve uma casa com um passado sombrio, uma força desconhecida e uma família recém chegada nesse ambiente opressor. Amityville: O Despertar segue exatamente essa premissa, realizando uma tentativa válida de explorar ainda mais a mitologia que envolve a casa de Amityville.

Passados 40 anos desde que Ronald DeFeo assassinou toda sua família, a história agora segue uma nova família que se muda para a casa onde ocorreram os assassinatos. Sem o pai e com o seu irmão gêmeo em estado de coma, Belle (Bella Thorne) precisa lidar com o delicado estado de sua mãe e ainda cuidar de sua irmã mais nova, a pequena Juliet (Mckenna Grace).

Belle é uma personagem relacionável com problemas reais e um sentimento de culpa que se desenvolve com a trama. O diretor faz um bom trabalho em explorar o drama familiar com as questões da adolescência pelas quais a protagonista passa, não deixando de integrá-las à ameaça sobrenatural que cresce com o desenrolar da história.

A história da casa e uma presença sobrenatural se misturam em meio ao drama familiar

Já sua mãe, interpretada por Jennifer Jason Leigh, se mostra em uma posição mais antagônica/mãe louca. A personagem aparenta ter alguns segredos e fica mais assustadora do que a entidade sobrenatural em certos momentos, auxiliando a construir um ar de insegurança para a casa.

É interessante como a falta de um adulto "protetor" funciona como um bom meio de criar tensão no terror, o que e feito com sucesso no longa. A presença da tia de Belle, Candice (Jennifer Morrison), em momentos pontuais, deixa essa questão ainda mais fácil de ser identificada.

Contudo, tudo aquilo que foi dedicado para a construção dos personagens não foi replicado para a história. Há, sem dúvidas, diversos problemas na formação da trama que tornam o filme em alguns momentos difícil de acompanhar, seja por todo o aspecto psicológico e sombrio que o diretor tenta passar ou simplesmente por uma falha de organização do roteiro.

Há um uso extenso de cenas de sonhos e visões que acabam por segurar a narrativa, sendo, por vezes, apenas utilizadas para tentar arrancar sustos. Por sinal, o filme é carregado de jumpscares. Ainda que alguns deles funcionem, a grande maioria nem mesmo chega a provocar sustos e apenas compõe a cena como uma ferramenta barata e nada memorável.

Belle (Bella Thorne) tem seu lado emocional bem trabalhado e encara a entidade sobrenatural com todas as suas forças

Outro ponto que arrasta a trama são alguns momentos desnecessários talvez ligados aos cortes do filme. Logo de início, a história de Ronald DeFeo e da casa são apresentadas ao espectador por uma via jornalística, sendo novamente replicada quando a protagonista aprende pela primeira vez sobre a história obscura da sua nova moradia e por uma terceira vez trazida em uma conversa com seus amigos.

Ainda assim, a história, em um panorama geral, funciona por si só. A personagem principal é nem apresentada, a ameaça fica logo evidente e há uma resolução ao final, ainda que extremamente previsível.

Um ponto em que o longa se destaca é como conseguiu incorporar os filmes de Amityville na narrativa (tanto o original - Horror em Amityville, Terror em Amityville e o remake) de uma maneira divertida.

De maneira simples, Amityville: O Despertar não decepciona, mas também não acrescenta muito para um bem trabalhado cenário do terror cinematográfico.

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