Como os dois novos selos da DC Comics podem conquistar jovens leitores


Por Alexandre Teixeira

Para muitos fãs da DC Comics, a editora sempre possuiu uma característica única: conseguir criar histórias mais sérias e que cativassem seu público, independente da idade. Porém, ao mesmo tempo em que isso é algo positivo, também pode ser um ponto fraco, pois, por mais que personagens como o Batman, Superman e Mulher Maravilha tenham se tornado ícones e modelos, eles ainda deixam de retratar algumas questões que determinadas faixas etárias de leitores passam e convivem.

Possuidora de selos diversos, a DC usa-os para diferenciar suas publicações. Além do selo regular,
ela ainda possui a Vertigo, que é voltado a histórias muito mais sérias e com conteúdo não aconselhável a crianças. Títulos como Sandman, Watchman e V de Vingança fazem parte deste selo.

Agora em 2018, a editora irá lançar dois novos selos, focados em dois grupos bem próximos. O DC
Ink, que será focado em jovens adultos e o DC Zoom, que será focado nos adolescentes. Com esse anúncio vêm a pergunta: o que esses selos podem significar para o futuro da editora?

Justamente por ter essa característica de ser uma editora mais séria, os selos Ink e Zoom virão não só para quebrar essa ideia, mas também como uma chance de atrair novos leitores e explorar novos temas.

Para simplificar, aqui vai um exemplo: um dos títulos do selo DC Ink será uma história dos Jovens Titãs, escrita por Kami Garcia (Dezesseis Luas) e ilustrada pelo brasileiro Gabriel Picolo.

Arte promocional do artista Picolo para anunciar sua parceria com a DC Comics. Arte: Gabriel Picolo

Picolo é conhecido por suas fanarts dos Titãs, nas quais ele reimaginou o grupo como millennials (indivíduos que nasceram entre 1980 e 2000) e, graças a isso, conseguiu explorar questões mais atuais que acabam interferindo na vida dos jovens. Este é um ponto que a DC pode explorar dentro deste novo selo, e usar o grupo, que já possui uma fanbase bem sólida, para tratar de assuntos que afetam as pessoas desta faixa etária.

Já o selo DC Zoom, poderá usar personagem como o SHAZAM! para fazer com que crianças e adolescentes comecem a pensar mais em suas responsabilidades. Usando Billy Batson como modelo, as histórias podem tratar justamente sobre como o menino se porta e se sente em relação aos poderes que tem. Uma criança com poderes de um adulto. Nada melhor do que isso para tecer um paralelo com a realidade.

Títulos atuais como Super-Sons, também casam perfeitamente com a ideia da DC Zoom, e ainda somam pelo fato de que as histórias estão fazendo bastante sucesso.

Arte para o selo DC Zoom. Arte: Mayo "Sen" Naito

E tem maneira melhor de atrair novos leitores do que utilizando autoras já conhecidas? Essa é uma das ideias que a DC irá usar para seus novos selos. Nomes conhecidos entre os amantes de livros farão parte dos times que irão compor os dois selos.

Meg Cabot, criadora da série O Diário de uma Princesa; Marie Lu, criadora da série Legend; Kami
Garcia, criadora de Dezesseis Luas e Danielle Paige de Dorothy tem que Morrer são alguns dos nomes que irão integrar o grupo de escritores que criarão as novas histórias.

O interessante desta iniciativa é que, graças ao reconhecimento destas mulheres, além de trazerem ótimas histórias, elas também vão trazer os fãs que já acompanham seus trabalhos, e com isso, leitores que não possuem o costume de ler quadrinhos, podem começar a se interessar por esse modelo de leitura.

Esse é o momento certo para a DC lançar seus novos títulos, e com isso trabalhar questões que já estão sendo discutidas entre os jovens atualmente, como representatividade, questão de gênero e sexualidade, vida profissional e acadêmica.

Tudo isso fará com que a editora se aproxime ainda mais de seus leitores e desenvolva uma relação ainda mais pessoal com eles.

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