Inuyashiki traz questionamento sobre humanidade


Preciso confessar para vocês que as histórias mais inusitadas me conquistam logo de início, principalmente quando elas subvertem, de maneira inteligente, alguns clichês que tanto amamos. Dentre os vários motivos para o clichê funcionar, um dos mais inconvenientes de se livrar é o não saber lidar com o diferente. Talvez por isso me encantei por Inuyashiki.

Lançado em 2014 o mangá compreende 10 volumes, o último publicado em 2017. Escrito e ilustrado por Hiroya Oku, Inuyashiki conta a história de um homem de meia idade com a aparência de um idoso (Inuyashiki Ichiro),  envolto nos problemas cotidianos de uma família de classe média no Japão.

Tentando cumprir suas responsabilidades com sua família de 4 pessoas: sua esposa,  um casal de filhos e cachorro. Ichiro enfrente a experiência de se sentir um completo fracasso na vida. Com desprezo, vergonha e ingratidão dos seus filhos, a indiferença de sua mulher, aliada a uma condição de saúde precária, Inuyashiki ainda precisa enfrentar o preconceito e a falta de respeito da sociedade com idosos.

A princípio a premissa pode parecer desinteressante aos olhos dos precipitados, entretanto com pouco mais de calma, nos é apresentado o ponto de virada da trama. Inuyashiki em momento de desespero, após saber que está com uma doença terminal,  é atingido por uma nave alienígena que imediatamente acaba o matando, juntamente com um rapaz que estava ao seu lado. Não podendo deixar rastros os alienígenas trocam os corpos biológicos por módulos de batalha robóticos com aparência humanoide - sim, é mais uma indicação de ficção científica.


É interessante acompanhar os questionamentos de um homem de meia idade ao fim da vida, pois agora ele não sabe exatamente se ele é ele mesmo, já que é uma máquina. Quando triste não pode chorar. Ao comer uma refeição não sente o paladar como antes. Sua audição e visão estão diferentes também. Além disso, Ichiro se questiona se precisa, a partir daquele momento, continuar sustentando sua família.
O mangá traz inicialmente a visão mesquinha das pessoas daquela sociedade. Cada indivíduo se importa apenas consigo mesmo, seus projetos, desejos e conquistas. O outro é utilizado de maneira descartável, como um mero objeto a ser jogado fora, mesmo se for para pura diversão. Isso é ser humano?

Uma máquina puramente sintética pode ser mais humana do que um ser de carne e osso? Como conquistamos nossa humanidade? Essa é a jornada que é apresentada a partir da nova vida de Inuyashiki, sua nova chance.


A abordagem diferenciada da história de origem de um “herói” dada pelo roteirista é revigorante, me instigou a acompanhar ainda mais o desenrolar da trama. Estou a procura do segundo volume, infelizmente ficou difícil conseguir, praticamente esgotado nas livrarias físicas e online. Aqui no Brasil o Mangá foi lançado pela Panini, inclusive o número 5 já está disponível. Ao término da leitura pretendo assistir o Anime, lançado no segundo semestre de 2017 compreendendo 10 episódios. Para minha surpresa eles ainda vão lançar um live-action no primeiro semestre de 2018. Ficaram interessados? Espero a companhia de vocês nas leituras!

1 comentários

  1. Pergunta fora do artigo: podem-me dizer qual é a cronologia de todo o material que faz parte do Universo dos Detetives Espaciais? Obrigado.

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