Pantera Negra leva o universo da Marvel nos cinemas à um povo e cultura únicos em Wakanda


O Universo Cinematográfico da Marvel continua a crescer a passos largos, produzindo, em seu caminho, bastante conteúdo positivo que representa os mundos das HQs, assim como adaptações únicas que se destacam por si só e outras bem menos relevantes que se perdem em tamanho volume. Pantera Negra, por sua vez, vem para adicionar muito a esse universo, com representações singulares ainda não vistas nesse grande empreendimento da Marvel nos cinemas e explorando um lado mais cultural e político atípico da grande maioria dos filmes de super heróis.

Seguindo os eventos de Vingadores: Guerra Civil, após a morte do rei T'Chaka, o seu filho T'Challa (Chadwick Boseman) precisa retornar a Wakanda e assumir o trono do país. Junto a Okoye (Danai Gurira), a líder das Dora Milaje - forças especiais completamente feminina de Wakanda -, e sua ex-amante Nakia (Lupita Nyong'o) T'Challa segue para a cerimônia de coroação. No entanto, seu reinado é logo ameaçado quando o traficante Klaue (Andy Serkis) ressurge junto ao perigoso Killmonger (Michael B. Jordan) pondo o futuro de Wakanda em risco.

A avançada civilização de Wakanda tem um pouco de sua cultura explorada em Pantera Negra - Foto: Reprodução Internet

Uma primeira consideração a ser feita sobre o filme é o fato de que, após tantas adaptações desse universo cinematográfico, Pantera Negra consegue ter uma roupagem nova e causar a impressão de se estar assistindo um filme completamente diferente da Marvel, pois ele realmente é. Além de se passar em uma localização ainda não vista e abrir portas para se explorar toda uma parte inédita do globo, o filme é repleto de cultura e uma caracterização impecável que permitem causar essa experiência original.

Muito desse sucesso também vem de uma bem feita escolha de direção e elenco, que conta com um protagonista bem adaptado no seu papel e um elenco de apoio impressionante. Pessoalmente, a princesa Shuri (Letitia Wright) funciona como a melhor personagem do longa, com uma presença dinâmica e essencial para deixar a narrativa mais leve. Danai Gurira também está excelente na pele da guerreira Okoye, criando a expectativa de se ver mais das Dora Milaje, que provavelmente tem os visuais mais detalhados da adaptação.

O antagonista Killmonger/N'Jadaka é outro destaque que apresenta motivações bem exploradas na história e que é ainda auxiliado pela atuação convincente de Michael B. Jordan. O personagem acaba caindo em algumas convenções típicas de filmes de super herói, mas a medida que suas motivações passam a ser mais exploradas isso acaba mudando de tom, ainda que a premissa para que ele tenha conseguido as informações sobre Wakanda tenha sido um pouco falha.

T'Challa (Chadwick Boseman) batalha contra Killmonger (Michael B. Jordan) pelo trono de Wakanda - Foto: Reprodução Internet

Entrando na questão de Wakanda, um ponto fraco do filme é justamente não mostrar o suficiente da nação. Isso é compreensível, uma vez que a história recai principalmente sobre T'Challa e a sucessão do trono, mas é uma pena que mais dessa incrível potência não tenha sido explorada. Ainda, há alguns clássicos momentos estereotipados desse tipo de filme, como a suposta morte de um personagem ao longo da trama, fazendo-o desaparecer por um bom tempo, apenas para ressurgir depois.

Mesmo diante disso, Pantera Negra tem momentos bastante marcantes e todo o processo de sucessão que T'Challa precisa passar é muito bem construído, desde o ritual de coroação, o combate inicial com M'Baku (Winston Duke) e toda sua caminhada para retomar o poder. E o interessante é que o longa, muito mais do que uma história sobre o Pantera Negra, o herói, é, na verdade, uma história sobre T'Challa e aqueles que fazem parte do seu círculo.

Nakia (Lupita Nyong'o) e T'Challa (Chadwick Boseman) vão em uma missão para capturar o traficante de armas Klaue - Foto: Reprodução Internet

O longa conta, ainda, com elementos de 007 que contribuem para com a construção inicial da narrativa. Isso deixa de ficar tão evidente ao longo da história, quando passam a surgir mais e mais elementos de ação, o que funciona bem com o tom do filme que não conta com muitas piadas e desvios da narrativa.

A trilha sonora produzida por Kendrick Lamar foi um dos grandes focos da divulgação do trabalho e funciona bem com o filme, que tem produção e design em bons níveis, mas deixou a desejar nos efeitos especiais em alguns momentos, em especial no clímax.

Não seja por isso, Pantera Negra consegue, com sucesso, introduzir o herói e Wakanda para as telonas, adaptando os elementos da HQ de uma forma orgânica e tratando de temas atuais e relevantes sem distorcer a trama para isso.



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