Folclore brasileiro é introduzido junto com Yara Flor em Mulher Maravilha Future State


Sim, a nova Mulher Maravilha é brasileira, indígena e se chama Yara Flor. A nova fase dos quadrinhos da DC Comics, Future State, conta com diversos títulos e novos personagens. Entre eles, Yara Flor acaba de ser introduzida na revista que terá dois volumes: Wonder Woman Future State.

Escrita e desenhada por Jöelle Jones, o primeiro volume apresenta a personagem, sua personalidade, seus companheiros e parte de sua jornada. Claro que o folclore brasileiro está presente desde as páginas iniciais e se mistura perfeitamente com a mitologia grega de Mulher Maravilha.

"Em busca de recuperar sua irmã guerreira das mãos de Hades no Mundo Inferior, Yara Flor derrota uma hidra para fazer uma troca com o deus, impedida pela Caipora, este ser das matas se oferece para levá-la até o outro lado, mas a impaciência e força de Yara Flor vão tornar essa jornada um pouco mais complexa do que deveria ser."

Este é um resumo do volume um, caso você tenha interesse em procurar por conta própria, sugiro que pare a leitura por aqui, pois agora irei comentar a edição, dar minha opinião e compartilhar minhas expectativas com vocês e VOU DAR SPOILERS! 

Vou começar com um ponto importante sobre a obra, a criadora Jöelle Jones deu uma entrevista para a CCXP Worlds no final de 2020 na qual conta que a viajar para o Brasil e conhecer de perto nossa cultura fez toda diferença na hora de escrever a personagem.

Jones ainda está fazendo uma grande pesquisa sobre nosso folclore, que ela não revelou o que exatamente para não dar spoilers sobre a origem de Yara Flor, o que me faz acreditar que sua origem tem ligação próxima com nossa mitologia.

Considero a autora ousada e segura de si para já introduzir nesta primeira história uma das figuras mais populares do nosso folclore, a Caipora. Lembrando que não sou estudiosa do folclore nacional e sei o básico, por isso irei trabalhar com as referências e informações que sejam semelhantes nas nossas lendas, apesar de saber que existem variações das mesmas.



A Caipora poder ser retratada como uma índia de pequeno porte, cabelos vermelho como fogo e montada num porco do mato e Jones fez um ótimo trabalho com sua representação neste quesito. A sua relação com Yara Flor mostra que nossa protagonista conhece bem a floresta e suas criaturas fantásticas.

A autora também revela que Yara Flor não treinou em Themyscira e nem na Tribo das Amazonas, e eu não sei vocês, mas o fato de existir uma Tribo de Amazonas aqui no Brasil me anima e me traz muitos questionamentos que eu gostaria de ver nas histórias de origem da personagem! Seriam as índias do Amazonas as amazonas originais? Será que o termo surgiu aqui na nossa terra? Animada para ver o que vem por aí.

E falando em história de origem Yara Flor também ganhará uma série no universo da CW contando sobre seus dias como Wonder Girl, a Moça Maravilha, que seria uma "versão mais nova da Mulher Maravilha", uma sidekick, ajudante. E ela será integrada no universo de personagens de Batwoman, DC’s Legends of Tomorrow, The Flash, etc.

Esse é outro fato que levanta mais questões. Sendo uma brasileira com o título de Wonder Girl onde a série vai se passar, no Brasil? Qual vai ser o cenário? A série será produzida por Dailyn Rodriguez, de origem latina, mas não brasileira. Vamos torcer para uma atriz brasileira ser escalada para o papel e mais importante uma mulher indígena! Estou super curiosa para ver sua história de origem e espero que Jöelle Jones acompanhe de perto sua criação e sua mitologia.

Voltando para a história, a Caipora então leva Yara Flor para o limbo, um local entre mundos e usa seu "passe" para conseguir entrar, não antes de passar por Cérbero, o cão de três cabeças que guarda o inferno. É interessante a mistura e o fato da Caipora mencionar que toda aquela experiência é algo que a mente de Yara Flor está projetando. Vemos a figura da Morte que guarda a travessia de barco no rio dos mortos, tudo bem fiel à mitologia grega.

Mas ao mesmo tempo estamos conhecendo a Caipora, que já mandou Boitatá atrás de Yara Flor! Ou seja nosso folclore foi incorporado no hall dos deuses e eu achei isso o máximo! Já contei que Yara Flor também menciona o Tupã, o deus do trovão, governa o hemisfério sul, assim como Zeus cuida lá de cima? Pois é!

Esta é uma primeira edição promissora e que respeita nossa história e a apresenta para tantas pessoas no mundo que não conhecem a riqueza das nossas lendas e universo fantástico, além de claro, fazer aquela mistura cultural trazendo e mostrando o mesmo respeito à mitologia construída no universo de Mulher Maravilha, como a própria autora comenta que está lendo todo material produzido até hoje da personagem.

Acredito estar em boas mãos e aguardo a segunda edição para conhecer ainda mais de Yara Flor. O review da edição está no canal do Mega Hero e lá conto a história com mais detalhes se quiser acompanhar comigo, irei continuar a fazer vídeos dos quadrinhos por lá!


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