Duna, ou Duna: Parte Um – o nome que aparece assim que a tela se abre e faz jus à adaptação que estreia em 2021 e que cobre cerca de metade do primeiro volume, apenas – , é um verdadeiro épico do cinema dos primeiros aos últimos minutos de exibição.
A escolha de Villeneuve para direção e participação do roteiro foi acertada para trazer à vida o denso e rico conteúdo dos livros, que se traduziram bem pelas cenas estendidas e os quase pausados cenários épicos vistos no longa.
Ao mesmo tempo que afirmo isso, também não se pode negar que, em alguns momentos, Villeneuve chega a exagerar no seu ritmo mais lento, mas, ainda assim, o enredo bem detalhado de Duna conseguiu casar bem com o estilo do diretor e os momentos mais arrastados não chegam a ficar cansativos.
Com 2 horas e 35 minutos de duração, o longa conta por volta de metade dos eventos do primeiro livro e faz um excelente trabalho em apresentar esse universo: seja os personagens e suas diferentes origens, as complicadas questões que pairam sobre o planeta deserto Arrakis, ou a política que existe por trás dos acontecimentos do filme e que certamente será mais explorada caso as continuações sejam feitas.
Mesmo faltando a ‘‘outra metade’’ dessa entrada à franquia, em nada se perde o aproveitamento da trama. Nesse tempo, que mais parecem 5 horas de conteúdo, conhecemos bem Paul Atreides, o herdeiro da Casa Atreides e protagonista da história.
Timothée Chalamet traz vida ao personagem e consegue retratar bem a sua paixão ao seu povo e dedicação aos Fremen, mantendo o mistério em relação às suas habilidades e aos planos que a irmandade Bene Gesserit tem para ele.
A relação com seu pai, o Duque Leto Atreides (Oscar Isaac), é um dos pontos centrais, talvez mais ainda para o futuro da história, no que diz respeito à sua aceitação enquanto líder, presente em toda a sua jornada e que será importante para que enfrente o que estar por vir. O relacionamento de Paul com sua mãe, Lady Jessica (Rebecca Ferguson), também ganha bastante destaque no longa e por mais enigmática que a personagem seja, é graças à ela que Paul consegue chegar aos Fremen, que pouco vemos nesse início da trama.
Talvez o único verdadeiro crime cometido na caracterização dos personagens tenha sido tirarem a barba de Jason Momoa, que, brincadeiras à parte, interpreta muito bem o espadachim Duncan Idaho e demonstra como a tecnologia dos escudos corporais funciona nas batalhas corpo a corpo desse universo.
Os elementos positivos do elenco e coreografias devem ser destacados, sem dúvidas, mas são os grandes cenários e a trilha sonora que compõem Duna que merecem mais aplausos. A trilha de Hans Zimmer se integra perfeitamente à ambiência criada por Villeneuve e em alguns momentos quase se passa imperceptível unicamente pela maneira com que se mescla naturalmente ao espaço e acontecimentos em volta dela.
É de se pensar que com tanta areia e deserto para todos os lados não haveria muito para se ver, mas as caracterizações de Arrakis são de tirar o fôlego. Os gigantescos vermes da areia são uma verdadeira ameaça e o filme consegue retratar o seu perigo com maestria, mantendo a noção de imensidão que o planeta deserto detém. Ao mesmo tempo, o pouco que vemos de outras locações, assim como as vestimentas únicas de cada povo, são bastante extravagantes e casam bem com a tonalidade do longa.
Em meio a essa introdução a todo um novo universo, Duna consegue condensar o encorpado conteúdo que adapta, criando um enredo fácil de seguir para novos fãs, mas também trazendo elementos dos livros para quem já conhece o material original. Como qualquer filme, não vai agradar a todos, mas o alto nível de produção nos cenários, figurino, trilha sonora e efeitos especiais se adicionam a um forte elenco para ser facilmente um dos destaques positivos de 2021.
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