A franquia Uncharted conquistou sua fama no mercado dos games pela qualidade de cada um de seus títulos e pela história bem entrelaçada com os momentos de ação em meio ao grande épico de aventura que definem a marca. Os games, que são produzidos pela Naughty Dog e lançados pela Sony, contam com quatro jogos principais e ganham uma adaptação cinematográfica que chega um pouco tarde, mas com grandes expectativas pelo fato de ser mais uma adaptação de games, mas também pelo carinho que os fãs sempre demonstraram pela franquia.
O filme, dirigido por Ruben Fleischer e com roteiro de Rafe Lee Judkins, Jon Hanley Rosenberg e Mark D. Walker tenta juntar peças e referências de vários jogos, incluindo cenas tiradas diretamente de Uncharted 3 e Uncharted 4, mas, como na cena da queda do avião, o resultado não tem tanto impacto quanto nos jogos e esses acabam virando momentos de referência, mais do que um adição ao longa.
Essa é, inclusive, uma das principais barreiras que o diretor acaba enfrentando. Há uma evidente tentativa em se conciliar elementos dos jogos no filme, que nem sempre são bem executados e geram um produto caricato demais ou forçado e até perdido em seu humor exagerado. Ainda assim, o crédito deve ser dado pela adição de alguns dos elementos que definem a franquia, como as cenas de ação em grande escala – ainda que mais exageradas do que nos jogos -, os quebra-cabeças, o parkour e principalmente o sentimento de aventura em uma caça ao tesouro que envolve riscos dignos de um filme de espionagem.
É possível que essa tentativa afaste fãs dos games de aproveitarem inteiramente a adaptação, mas isso não tira o fato de que o produto final é sim divertido e consegue traduzir minimamente o espírito do que a Naughty Dog construiu ao longo dos seus 4 títulos principais.
Um outro ponto que definitivamente vai afetar essa aceitação é a escolha dos dois atores que vivem os protagonistas dessa história, que particularmente foram um ponto fraco no quesito adaptação, mas em termos de um filme genérico de caça ao tesouro funcionaram bem. A decisão sobre o rosto da franquia, o personagem Nathan Drake, um caçador de tesouros com evidentes inspirações em Indiana Jones, levou Tom Holland ao papel e já criou imediatamente um problema.
Enquanto essa é sim uma adaptação, o que implica que nunca seria uma cópia fiel dos jogos, Tom é um ator que possui a benção/maldição de ter um rosto com aparência jovem. Enquanto o ator tem 25 anos, ele aparenta ter seus 18 anos e Nathan sempre passou um impressão mais adulta. Então, mesmo que essa seja uma história onde o personagem está mais jovem, ainda há uma desconexão entre o ator e o personagem, que não chegam a estragar o resultado, mas falta certa dimensão na performance, muito em parte por causa do roteiro.
Contudo, é preciso saber reconhecer os pontos positivos e Holland desempenha a parte física do protagonista muito bem, simulando os movimentos do personagem nos jogos e executando as cenas de ação como se estivesse interpretando o Aranha novamente. Um fator que não ajuda o ator é como o roteiro montou o seu parceiro de tela, Mark Wahlberg, que interpreta Victor Sullivan, um ganancioso ladrão de tesouros que vira uma figura paterna de Nate. Há definitivamente boa química entre os atores, mas assim como as escolhas que não funcionaram para Holland, Mark Wahlberg não lembra Sully com a falta de um humor sarcástico, assim como seus trejeitos que o afastam do personagem. A parte mais triste é que a tonalidade da interpretação de Holland e Wahlberg, assim como a química entre os personagens, chegou no ponto certo na cena pós-créditos, mas faltou em grande parte do longa.
Por outro lado, Sophia Ali desempenha bem Chloe Frazer, uma ladra de tesouros e relíquias, assim como Sully, que auxilia os dois na busca pelo Ouro dos 18. Chloe traz um elemento já conhecido nos jogos na questão da traição e da junção de diferentes histórias na aventura de Nate e ajuda a amarrar a trama que tem seus caricatos vilões, mas entrega o que se espera de uma caça ao tesouro que veríamos em Indiana Jones ou Tomb Raider.
Com problemas mais evidentes no quesito ‘’adaptação’’, Uncharted conta com algumas cenas e noções exageradas, mas constrói uma trama divertida e abre espaço para continuações, como todo o subplot do irmão de Nate sendo deixado em aberto.
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